Estudo
aponta pela primeira vez a implicação de outra espécie de mosquito, diferente
do gênero Aedes, na transmissão de zika. Cientistas agora vão investigar
capacidade vetorial da muriçoca
Pesquisa da Fiocruz Pernambuco confirma a muriçoca como
potencial vetor do vírus causador da zika
Sérgio Bernardo/JC Imagem
Os mosquitos Culex quinquefasciatus (conhecido popularmente
como muriçoca), que colocam seus ovos em criadouros poluídos,
também transmitem o zika vírus.
O anúnio foi feito, na tarde desta quinta-feira (21), durante coletiva de
imprensa que apresentou resultados de uma pesquisa inédita realizada pela
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A constatação sugere que o Aedes
aegypti pode não ser o vetor exclusivo do zika.
A
presença do zika foi detectada na muriçoca coletada emPernambuco. A coleta dos mosquitos foi
feita com base nos endereços dos casos relatados de zika nas
cidades do Recife e de Arcoverde, Sertão de Pernambuco, obtidos com a Secretaria
de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE). O número total de mosquitos
examinados na pesquisa foi de aproximadamente 500.
"A
transmissão foi praticamente demonstrada porque o vírus sai na saliva e é
liberado. A gente vê que ele está totalmente formado com a partícula viral
pronta para infectar futuras células", explica a coordenadora do estudo,
Constância Ayres, da Fiocruz Pernambuco. "Está comprovado que ele (o Culex
quinquefasciatus) transmite (zika). Não se sabe ainda qual é a capacidade vetorial
dele", complementa o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
Muriçoca no Recife
Na
capital pernambucana, a população do Culex quinquefasciatus é cerca de20 vezes
maior do que a população de Aedes aegypti. Os resultados preliminares da
pesquisa de campo identificaram a presença de Culex quinquefasciatus infectados
naturalmente pelo vírus zika em três dos 80 pools de mosquitos analisados até o
momento.
Novos estudos
São
necessários agora estudos adicionais para avaliar o potencial da participação
do Culex na disseminação do vírus zika e seu real papel na epidemia. O estudo
coordenado por Constância tem relevância, já que as medidas de controle de
vetores são diferentes. Até os resultados de novas evidências, a política de
controle da epidemia de zika continuará pautada pelas mesmas diretrizes, com
foco central no controle do Aedes aegypti.
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